Neste fim de semana e no próximo não percam o Ciclo “Onde vamos morar?” organizado pela Optec Filmes com um programa de Andy Rector sobre a privação do direito à habitação a pretexto da edição em DVD do filme As Operações SAAL de João Dias.

Sábado, 4 de novembro

15h 

LES MAISONS DE LA MISÈRE Houses of Poverty de Henri Storck 1936, 29’ Bélgica; francês com legendas em inglês 

MISÈRE AU BORINAGE Misery in Borinage de Henri Storck, Joris Ivens 1934, 34’, Bélgica; francês com legendas em inglês 

KUHLE WAMPE ODER: WEM GEHÖRT DIE WELT? A Quem Pertence o Mundo? de Slatan Dudow, Bertolt Brecht 1932, 70’ Alemanha; alemão com legendas em inglês (restaurado em 2020) 

duração da sessão: 133’ 

Três filmes onde as pobres condições de vida e de trabalho, despejos e expropriações, não são encaradas com a inevitabilidade de um terramoto ou inundação, mas entendidas de forma crítica, contestadas, onde as relações de causa e efeito surgem desmascaradas. Filmes que querem intervir na realidade.

18h 

*THE GOLDEN LOUIS 1909, 7’ EUA 

*THE USURER 1910, 17’ EUA 

*ONE IS BUSINESS, THE OTHER CRIME 1912, 15’ EUA

de D. W. Griffith

* filmes mudos, com legendas em inglês – sem acompanhamento musical 

IL RITORNO DEL FIGLIO PRODIGO – UMILIATI: CHE NIENTE DI FATTO O TOCCATO DA LORO, DI USCITO DALLE MANI LORO, RISULTASSE ESENTE AL DIRITTO DI QUALCHE ESTRANEO (OPERAI, CONTADINI – SEGUITO E FINE) O Retorno do Filho Pródigo – Humilhados: Que Nada Feito ou Tocado Por Eles, Nada Saído das Mãos Deles, Resultasse Livre do direito de Algum Estranho (Operários, Camponeses – Continuação e Final) de Jean-Marie Straub, Danièle Huillet. 2003, 64’ Itália, França, Alemanha Italiano com legendas em português – Restauro Digital 2016 

O NOSSO HOMEM de Pedro Costa 2010, 26’ Portugal (português e crioulo, legendas em português) 

duração da sessão 123’ 

Cinco fábulas. Três por D.W. Griffith sobre os malefícios da economia, da acumulação, da corrupção, das ligeirezas da caridade e da reconciliação de classes. Com os recursos de montagem que exprimem o ultraje perante a coexistência de ricos e pobres, e as palavras: “Vinho destilado do sangue dos desafortunados; comida paga com as lágrimas dos necessitados”. Um filme de de Straub/Huillet, UMILIATI: Na Itália do pós-guerra, no momento em que uma comuna improvisada começa a superar os seus desafios internos, vê chegar um zombie do notariado, possuído pela propriedade, afirmando que tudo o que cultivaram já é seu: a terra, a água, mas também os seus testamentos. E um filme de Pedro Costa, O NOSSO HOMEM, sobre a luta de um filho de imigrantes cabo-verdianos, nascido em Portugal, contra a ameaça de expulsão, e história de um pedreiro que terá sido espancado até à morte por um grupo de racistas na Amadora. 

Domingo, 5 de novembro às 16h

CHICAGO CALLING ! de John Reinhardt * 1951, 75’ EUA – VO Inglês, não legendado 

BUNKER HILL de Kent Mackenzie * 1956, 18’ EUA – VO Inglês, não legendado 

THE FINAL INSULT de Charles Burnett * 1997, 55’ EUA – VO Inglês, não legendado 

duração da sessão: 143’, com intervalo 

Em dois filmes, o foco concreto num lugar específico, Bunker Hill, no centro de Los Angeles. O primeiro, CHICAGO CALLING, é sobre um alcóolico em recuperação, empobrecido, que subitamente tem de conseguir 53$ para pagar a sua conta telefónica e receber notícias da sua esposa e filha distantes, das quais a sua vida depende. O segundo, BUNKER HILL, um filme sobre pensionistas idosos que vivem na “Encosta”, agora ameaçada por um projecto comercial, pelo desmantelamento das suas casas e da sua comunidade. E depois, um duro filme-poema de Charles Burnett sobre um sem-abrigo que vive no seu carro em Los Angeles, e tem um emprego mal-pago como ‘contabilista temporário’ no ‘Bank of America’. 

Sábado, 11 de novembro 

15h 

MAN’S CASTLE A Vida é um Sonho de Frank Borzage 1933, 75’ EUA; VO inglês, não legendado (Cópia Digital 4K) 

ANNUSHKA de Boris Barnet * 1959, 89’ URSS; russo com legendas em inglês 

duração da sessão: 164’, com intervalo 

Uma sessão dupla. Um filme de Hollywood (Borzage), um soviético (Barnet) – uma história de amor, uma história de família – sobre a aspiração incansável por uma casa decente num período de guerra: guerra de classes, guerra mundial. A importância da obstinação para quem vive ou tenta escapar de circunstâncias intoleráveis.

18h 

MINGUS de Thomas Reichman * 1968, 58’ EUA; VO inglês não legendado 

EL BRUTO O Bruto de Luis Buñuel 1953, 81’ México; espanhol com legendas em português 

duração da sessão: 139’, com intervalo 

O que alcançou um despejo? Destruiu o sonho de Charles Mingus por uma nova escola de música no Lower East Side, Nova Iorque. E ainda, um drama popular mexicano de Luis Buñuel, que é uma dissecação dos laços familiares entre um senhorio, o seu ‘Bruto’ e um grupo de moradores. 

Domingo, 12 de novembro  às 16h 

JUVENTUDE EM MARCHA de Pedro Costa 2006, 155’ Portugal; português e crioulo com legendas em português 

Filme épico sobre um povo em transição: o realojamento dos antigos habitantes das Fontaínhas num novo bairro social, o Casal da Boba. Seguimos Ventura – imigrante pioneiro, obreiro das Fontaínhas, trabalhador da construção civil acidentado – que passa as suas noites recitando uma carta de amor – para ele um terror – e os seus dias no novo bairro, junto das ‘suas crianças’, Vanda, Pango, Gustavo, Paulo. “Templo, cabana, deus lares…” diz o Agente Imobiliário enquanto mostra a Ventura a sua nova casa na Boba ”… tem aranhas”, responde Ventura. * as cópias dos filmes assinalados têm uma qualidade limitada, mas a melhor que nos é possível apresentar * O título do ciclo, ONDE VAMOS MORAR?, tem origem na música de José Afonso, a “Canção do Desterro (Emigrantes)”. 

Organização OPTEC FILMES

ENTRADA LIVRE

Rua Ruben A, 210, Porto

SOBRE

O Cineclube do Porto, na sua origem intitulado de Clube Português de Cinematografia, é fundado por Hipólito Duarte no Liceu Alexandre Herculano no ano de 1945 tornando-se o primeiro Cineclube do país. Após a fundação pioneira o seu trajecto torna-se fulgurante com as suas sessões anti regime. Desde 2013 que mantém , em parceria com a DRCN, o projeto de “Cinema na Casa das Artes” com duas sessões semanais. Desde janeiro de 2023 regressa ao Batalha com as Matinés do Cineclube em sessões quinzenais aos domingos de manhã.

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