Voltamos às Virtudes.

A partir de dia 8 de agosto, todas as quartas-feiras do mês exibimos pelas 22h00 no Árvore Restaurante cinema ao ar livre.

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08 AGOSTO

BEST OF ANIMAÇÃO CURTAS VILA DO CONDE’18

AGOURO / AUGUR
Portugal / França, 15′, 2018
David Doutel e Vasco Sá
Produção: Bando à Parte / Zéro de Conduite

“Agouro” descreve um momento-chave na relação entre dois primos, numa aldeia perdida de um Portugal profundo. É um filme de extremos, a fragilidade e a força. Tadeu depara-se com um dilema: salvar o touro reprodutor que lhe dá o sustento ou salvar o primo que, por ser incapaz e dependente, lhe complica a existência. Toda a envolvência nostálgica própria dos anteriores trabalhos de Vasco Sá e David Doutel mantém-se, contudo, a dupla de realizadores consagra a esta obra uma nova dimensão. É um fascinante exercício estético, de luz, nas suas belas texturas cromáticas com excelentes propriedades da técnica de pintura a óleo sobre vidro. O contraponto desta sofisticação visual quase onírica é dado através de uma construção sonora minuciosa que está perto de um hiper-realismo, criada como que se de som direto se tratasse. “Agouro” é uma íntima reflexão poética sobre o Homem confrontado com a ética, a família e a morte, e a terceira incursão da dupla na realização (depois de “Fuligem”, em 2014, e “O Sapateiro”, em 2011) que assim fazem um hat-trick no Curtas Vila do Conde, onde também receberam o prémio de Melhor Realização por “Fuligem”.
[Texto: Salette Ramalho]

À TONA / AFLOAT
Portugal, 10′, 2018
Realização: Filipe Abranches
Produção: Animais AVPL

Filipe Abranches é um dos mais importantes talentos da animação portuguesa. Em “À Tona”, o realizador volta a abordar o tema da guerra — como já fizera em “Chatear-me-ia Morrer Tão Joveeeeem…”, exibido também no Curtas — agora a partir de um aviador que se despenha no meio do oceano. Ele está só, profundamente só, à tona no seu avião, que flutua nas águas. O desenho criativo de Abranches torna a curta-metragem muito inventiva, apesar de ocorrer sempre na mesma paisagem solitária. Aos poucos, o aviador desespera, entrando numa louca deriva de sonhos e pesadelos.
[Texto: Daniel Ribas]

RAYMONDE OU L’ÉVASION VERTICALE / RAYMONDE OU A EVASÃO VERTICAL
França, 16′, 2018
Realização: Sarah Van Den Boom
Produção: Papy 3D Productions, JPL Films

Os dias de Raymonde, uma coruja virgem e beata, decorrem sem grandes sobressaltos, divididos entre os trabalhos domésticos e as vendas online de cuequinhas usadas para clientes pervertidos. Durante toda a sua vida, a fé em Deus e as suas rotinas religiosas foram essenciais, mas a tentação anda à espreita e Raymonde pergunta-se porque seguiu até agora todos os preceitos ditados pelo seu catolicismo antiquado que nunca a serviu. Raymonde sente-se sozinha, sem macho nem prole. Estreia da realizadora Sarah Van Den Boom —que já conta com quatro filmes realizados— no Curtas Vila do Conde, “Raymonde ou L’évasion Verticale” descreve as desventuras e atribulações de uma velha coruja bipolar, apolínea e dionisíaca, e o ridículo da pretensão divina, num filme servido por uma excecional animação de volumes, pela narração espirituosa e cândida de Yolande Moreau, numa história ao mesmo tempo libertária, romântica e surrealista.
[Texto: Salette Ramalho]

ENTRE SOMBRAS / BETWEEN THE SHADOWS
Portugal / França, 13′, 2018
Alice Guimarães e Mónica Santos
Produção: Animais AVPL / Vivement Lundi!

Natália é funcionária de um banco, onde clientes depositam o seu coração com receio que seja roubado ou porque, definitiva e fatalmente, não o confiarão a mais ninguém. Os dias vão e vêm, ocupados e cansativos, mas inesperadamente Natália recebe um pedido de ajuda: um coração foi roubado. “Entre Sombras”, animado fotograma-a-fotograma em pixelização (técnica de stop motion com atores e objetos reais), onde cada quadro é meticulosamente trabalhado, é uma joia de invenção extremamente sofisticada, habitada por sombras, ângulos e floreios cinematográficos inspirados na estética dos anos 40, Art Deco e Surrealismo. Homenagem ao género de Film Noir, de enredo intrincado e caprichoso, onde não falta o detetive de gabardine e chapéu, a mulher lânguida bem maquilhada de vestido bem-cortado, o bar enfumarado e uma sedutora voz off (interpretada por Margarida Vila Nova), “Entre Sombras” é o segundo filme da dupla de realizadoras Alice Eça Guimarães e Mónica Santos, e a sua segunda presença no Curtas Vila do Conde onde se estrearam com o filmesucesso “Amélia e Duarte”, galardoado com o Prémio de Aquisição Canal + e o Prémio do Público em 2015.
[Texto: Salette Ramalho]

LA CHUTE / A QUEDA
França, 14′, 2018
Realização: Boris Labbé
Produção: Sacrebleu Productions

Aves de mau agoiro sobrevoam o céu. Subitamente, a ordem natural do mundo é suspensa e os reinos do inferno e do paraíso emergem. Atingidas por sombras turvas, as paisagens misturam-se com corpos de animais selvagens e de humanos, ao capricho de metamorfoses labirínticas, rorschachianas, complexas e incessantes. “La Chute” convoca à memória as visões medievais do “Jardim das Delícias”, de Hieronymus Bosch, e da “Divina Comédia”, de Dante Alighieri, mas uma ideia perturbadora acaba por assombrar quem o vê: o iminente e trágico apocalipse ecológico planetário por via da exploração incauta dos recursos naturais da Terra. A técnica usada no filme, tinta-da-china e aguarela sobre papel revertida em negativo, prova-se extremamente dramática, com pequenos apontamentos de cor que conduzem o olhar do espectador, concedendo um ritmo e uma cadência particular a esta hipnotizante sucessão de “quadros” barrocos, sempre em movimento. Durante a produção, Boris Labbé foi trabalhando a animação em paralelo com a construção da música, da autoria de Daniele Ghisi, colaboração esta que ofereceu terreno fértil para a improvisação e contaminação, uma exploração tanto visual como sonora.
[Texto: Salette Ramalho]

SELECÇÃO DA PROGRAMAÇÃO: CASA DA ANIMAÇÃO
PARCERIA: 26º CURTAS VILA DO CONDE / AGÊNCIA DA CURTA METRAGEM

15 AGOSTO

BEAST WARM UP

DE LUXE

de Mária Pinčíková (Eslováquia | 20’)

Nós convidamos-te a passar o Ano Novo num centro comunitário local com os teus familiar e amigos. Podem contar com um programa alargado, com números musicais e as melhores piadas do ano passado. Quem irá ganhar o prémio do sorteio?” Observação de uma festa do Ano Novo em Bratislava. Desde o início até ao seu trágico final. Podemos ver bizarras personalidades a modificar-se diante os nossos olhos – reformados que passam o Ano Novo desta forma. O seu entretenimento está na berma do precipício das suas vidas concluindo a efemeridade e como nada muda.

 

WILD GAME

de Jeronimo Sarmiento (Estónia | 25’)

Durante um Inverno rigoroso na Estônia, Liis de quinze anos junta-se a um grupo de adolescentes para uma caça incomum na floresta. Ela espera integra-se com eles, e ter uma oportunidade de ficar na equipa do rapaz de quem gosta. A vida selvagem em redor dela desperta uma força para confrontar os seus sentimentos, no entanto conflitos emocionais surgem no desenvolver do jogo.

 

MALES

de Ivan Bakrac (Sérvia | 20’)

A história dum mundo em desaparecimento criado por quatro mulheres que estão divididas entre um desejo inigualável de expandir a família, e pela liberdade do qual estão familiarizadas nas suas imaginações.

 

AFTER PARTY

de Viktor Zahtila (Croácia | 21’)

After Party” é um documentário que segue os últimos dias de uma relação romântica entre dois homens que decidiram gravar a sua separação e trabalhar em problemas que estavam por resolver. O autor e o seu namorado filmaram a sua separação, dando uso das suas emoções como combustível para prosseguir com as filmagens. O objetivo era documentar a paixão e o erotismo de uma relação no seu capítulo final.

PROGRAMAÇÃO: BEAST– Festival Internacional de Cinema (dedicado ao cinema da Europa de Leste), que decorrerá entre 26 e 30 de Set’18.

22 AGOSTO

@ALEIXO

2 Curtas-Metragens filmadas no Bairro do Aleixo

RUSSA

de João Salaviza e Ricardo Alves Jr. (PT | 20’)

Russa volta ao Bairro do Aleixo no Porto, visitando a irmã e os amigos com quem celebra o aniversário do filho. Neste breve encontro, Russa regressa à memória coletiva do seu bairro, onde três das cinco torres ainda se mantêm de pé.

BICICLETA

de Luís Vieira Campos (PT | 45’)

Com argumento de Valter Hugo Mãe, BICICLETA “É uma reflexão sobre o instinto de sobrevivência e a extrema defesa da dignidade que mostra ainda o bairro do Aleixo como uma cidade vertical, vendo o interior das torres como ruas ao alto, onde a sorte dos cidadãos se resolve tão longe de um Portugal dito convencional”

29 AGOSTO

PRIMEIROS TRABALHOS

CORRENTE de Rodrigo Areias (PT | 16’)

Ele é mineiro, todos os dias tenta deixar-se ir com a corrente do rio.
Ela sonha ir também, mas está presa.
Estão todos, presos por uma corrente.
São dominados pela força da montanha.
É de lá que saem todos os dias e para onde voltam a entrar.
Um dia a corrente parte-se.

FIM-DE-SEMANA de Cláudia Varejão (PT | 9’)

Uma casa de campo. Um fim-de-semana. Uma família.
O tempo passa. O silêncio prevalece.
“Mas escuta a respiração do espaço, a mensagem incessante que é feita de silêncio” 

ARCA D’ÁGUA de André Gil Mata (PT | 23’)

Num lago rodeado por prédios, um homem constrói um barco.
O sonho de uma viagem impossível, na busca da liberdade das memórias de um passado
eterno.
Uma reflexão sobre o efeito do tempo e das metamorfoses dos espaços na vida de um homem
e na sua morte feliz.

ENTRETANTO de Miguel Gomes (PT | 25’)

Pais e professores ausentaram-se.
Entretanto, dois rapazes e uma rapariga formam um trio amoroso. Rui, Nuno e Rita atravessam três espaços e tempos para poderem ficar a sós: jogo de futebol, festa com piscina, praia. Equilíbrio instável, o trio está demasiado próximo do triângulo.
Entretanto é o tempo da suspensão. Dos gestos, da comunicação, da linguagem. A impotência resulta da falta de consciência para estruturar os sentimentos e de uma linguagem que permita comunicá-los. Só se pode conjecturar: Rui ama Rita, Nuno ou o jogo? Nuno ama Rita e está dependente de Rui? Rita, passiva dona do jogo, amará alguém? Dela, figura axial do trio, só sabemos que fecha os olhos para se refugiar numa interioridade etérea – as nuvens são a realidade, Entretanto é o intervalo que as suspende.

A ENTRADA É LIVRE.

local:  Cooperativa Árvore – R. De Azevedo De Albuquerque 2, Porto

SOBRE

O Cineclube do Porto, na sua origem intitulado de Clube Português de Cinematografia, é fundado por Hipólito Duarte no Liceu Alexandre Herculano no ano de 1945 tornando-se o primeiro Cineclube do país. Após a fundação pioneira o seu trajecto torna-se fulgurante com as suas sessões anti regime. Desde 2013 que mantém , em parceria com a DRCN, o projeto de “Cinema na Casa das Artes” com duas sessões semanais. Desde janeiro de 2023 regressa ao Batalha com as Matinés do Cineclube em sessões quinzenais aos domingos de manhã.

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