16403092_1093453507429932_1311809790335619883_o

Organizar em 2017 uma retrospectiva de Saguenail, a primeira no Porto, era imperativo. É um gesto de construção de memória.

Saguenail continua em plena actividade, estreia inclusivamente o seu filme mais recente na sessão de abertura deste ciclo (Decrescente, 31 de Janeiro, Teatro Municipal do Porto – Rivoli). Mas Saguenail tem um longo percurso na criação de Cinema.  É um autor profundamente vinculado à cidade. Urge por isso dar aos espectadores a oportunidade de se confrontar com os seus filmes e de se relacionar com eles. É um autor que se diz experimental e marginal por direito próprio, como resultado da sua postura e dos seus conceitos. É-o, diz-nos, porque respeita o Cinema, porque o compreende nos seus limites e é nessas fronteiras que se sente completo.

Saguenail é um cineasta praticante e militante.

No contexto do ciclo retrospectivo será editado o catálogo Saguenail – um cinema marginal, disponível para compra na bilheteira.

A programação do ciclo é da responsabilidade de Luís Vieira Campos. A coordenação do catálogo do Cineclube do Porto.

 

Sexta-feira, 03 de fevereiro | 22h00

SESSÃO DE ABERTURA | TEATRO MUNICIPAL DO PORTO – RIVOLI
DECRESCENTE

PT | 2016 | FIC | 56′

Estamos em guerra. Todos os dias rebentam bombas. Por toda a parte. O atentado terrorista é imparável. O inimigo é invisível. E contudo as armas são as mesmas. Há interesses comuns. E o comum denominador é financeiro. O jogo das alianças negoceia-se e modifica-se constantemente no tabuleiro de xadrez mundial. As acções no terreno seguem o curso das acções na Bolsa. Há vítimas mas os danos são todos colaterais. É preciso porventura reconstruir a geografia à medida que se reescreve a História. E pensar que toda a janela é espelho, toda a imagem reflexo.
Oito personagens simbólicas que representam metaforicamente algumas das forças que dominam o mundo contemporâneo – grandes blocos: EUA, Rússia, Europa, Terceiro Mundo; grandes sectores de actividade: Armamento, Recursos Energéticos, Finanças, Burocracia; oposições ideológicas: Passado Tradicionalista, Juventude Revoltada, Oportunismo Cínico, Desencanto Conformista – jogam uma partida de xadrez verbal durante a qual talvez se decida um futuro próximo.

(CASA DAS ARTES)

Sexta-feira, 03 de fevereiro | 21h30

MUDAS MUDANÇAS
PT | 1980 | FIC | 86′ | M/12

Baseado em contos populares portugueses, escrito no pós 25 de Novembro de 1975 em jeito de alegoria, MUDAS MUDANÇAS reflecte sobre o risco de nada mudar quando tudo parecia possível.

 

Sábado, 04 de fevereiro

18h00

MAU DIA | PAS PERDUS | ACENTUADO ARREFECIMENTO NOCTURNO
PT | 2006 | FIC | 17′ // PT | 2008 | FIC | 37′ // PT | 2013 | FIC | 20′

Mau Dia
A partir do poema de Jacques Prévert intitulado «Petit déjeuner du matin», MAU DIA experimenta uma dilatação do tempo na qual a banalidade esconde o drama vivido. Todos os elementos são decompostos e, depois, reconstruídos – paredes pintadas, chuva orquestrada, acções mimadas, representadas ou cantadas…

Pas perdu
Não basta ver, é preciso interpretar o que se vê. Os PAS PERDUS de uma mulher que transporta uma mala prestam-se a múltiplas hipóteses – o espectador construirá uma história convocando toda a sua memória cinematográfica.

Acentuado arrefecimento nocturno
Expulsa do Éden, a família original é obrigada a enfrentar as agruras da existência. Porém cada um dos seus membros encara diversamente o mundo. A «câmara subjectiva» mostra-nos as visões incompatíveis de cada um. Tensões, ciúmes e sentimentos de culpa levam Adão, Eva e Caim a coligar-se contra Abel, obrigando-o a cometer o primeiro sacrifício.

21h30

MA’S SIN
PT | 1996 | FIC | 73′

Confrontada com um filme americano exclusivamente sonoro (que tenta resgatar os erros que Hitchcock julgava ter cometido, «enganando» o espectador através da manipulação das mentiras e dos flash-backs), uma espectadora é levada a convocar, para resistir aos fantasmas suscitados pelas imagens, toda a história do cinema, desde os primórdios, ou até a da arte dita moderna.

 

Sexta-feira, 10 de fevereiro | 21h30

BRECHT PARA PRINCIPIANTES | TRELA CURTA
PT | 2015 | FIC | 35′ // PT | 2015 | FIC | 86′

Brecht para principiantes
“Havia uma Associação de Solidariedade Social que se ocupava de pessoas com dificuldades. Havia um encenador politicamente comprometido que trabalhava com pessoas em situação difícil, nomeadamente com a tal Associação. Havia um dramaturgo que concebia o Teatro como instrumento de tomada de consciência e que assumia escrever peças didáticas. O encenador foi ter com o cineasta para o desafiar a fazer um filme a partir da sua obra cénica.(…)”

Trela curta
Dez personagens, que ocupam diversos patamares da escala hierárquica (social e política), discorrem sobre a necessidade e os benefícios da infantilização dos que se encontram sob o seu poder.

 

Sábado, 11 de fevereiro

15h00

OS MEUS MORTOS | L’ÉTERNEL DÉPART
PT | 1998 | FIC | 22′ // PT | 2010 | DOC | 32′

Os meus mortos
Uma escritora é visitada pelos fantasmas dos autores, todos mortos tragicamente, que formam o seu panteão pessoal. Ora esses mortos têm um único recado a transmitir-lhe, a saber: «Vem ter connosco.»

L’éternel départ
A luz de Inverno tudo despe. A janela do cineasta dá para o cemitério. Ao filmar as auroras e os poentes, ele interroga-se acerca do sentido dos ciclos naturais e a música de Fernando Lapa sugere-lhe respostas.

16h00

LA REVOYURE
PT | 2013-14 | DOC | 44′

Retrato do cineasta enquanto fantasma, condenado a assombrar os lugares onde foi feliz ou podia ter sido feliz. Assim sendo, as imagens filmadas não correspondem às que os seus olhos vêem, alteradas pela recordação. Só o espectador vê a mesma coisa que a câmara.

17h00

MOURIR BEAUCOUP
PT | 2004 | DOC | 50′

A par da impossível memória panorâmica de um corpo de cidade vivida e morrida, dentro de casa experimenta-se uma hipótese de fim do mundo que é também a de um começo, sob o signo do fecho no aquário, primeiro, do ventre.

18h00

MOURIR UN PEU
PT | 1981-85 | FIC | 91′

MOURIR UN PEU é composto de três curtas-metragens unidas pelo tema da descoberta da América (a cidade filmada como uma viagem marítima, os seus cafés apresentados como um imenso museu da colonização, a volta ao mundo realizada dentro do espaço da casa) e ligadas pela interrogação do cineasta sobre o seu próprio percurso.

21h30

FORA DE CAMPO
PT | 1988 | DOC | 109′

Um mês de Agosto, uma rua pacata no centro do Porto, um grupo de aprendizes cineastas, um realizador movido pelo desejo de descobrir tudo o que se encena por detrás e por diante das fachadas da rua onde reside. FORA DE CAMPO mostra como são potencialmente inesgotáveis os lugares que temos por perto.

 

DOMINGO, 12 de fevereiro | 15h00

DENTRO
PT | 2001 | FIC | 245′

Fruto de um ano de trabalho no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, DENTRO acompanha o processo pelo qual os reclusos se apoderam da « Oresteia » de Ésquilo. Trata-se de um texto que, enquanto celebração da criação do primeiro tribunal, lhes diz directamente respeito, mas sobretudo de uma partitura que lhes permite exprimir sentimentos profundos de raiva, vingança e culpa.

Sessão de abertura: €3,00

Passe Geral: €15,00
Passe 11 de fevereiro: €5,00
Bilhete Normal: €3,50
Bilhete Estudante e +65 anos: €2,50
Bilhete Associado Cineclube do Porto: €0,50
A bilheteira abre 30 minutos antes de cada sessão.

SOBRE

O Cineclube do Porto, na sua origem intitulado de Clube Português de Cinematografia, é fundado por Hipólito Duarte no Liceu Alexandre Herculano no ano de 1945 tornando-se o primeiro Cineclube do país. Após a fundação pioneira o seu trajecto torna-se fulgurante com as suas sessões anti regime. Desde 2013 que mantém , em parceria com a DRCN, o projeto de “Cinema na Casa das Artes” com duas sessões semanais. Desde janeiro de 2023 regressa ao Batalha com as Matinés do Cineclube em sessões quinzenais aos domingos de manhã.

Trending