O Cineclube apresenta esta quinta-feira, dia 25 de Agosto, às 21 e 30 no Museu Nacional Soares dos Reis “O meu amigo Mike ao trabalho” um documentário sobre o artista Michael Biberstein, realizado por Fernando Lopes.

Portugal | Doc | Cor | 50′

O breve documentário sobre Michael Biberstein, praticamente desconhecido em Portugal, tem à cabeça um enorme atractivo: é de Fernando Lopes. O realizador português, autor do mítico Belarmino, é e será para a posteridade uma figura maior do cinema nacional, e tudo em que toca revela-se dourado. O meu amigo Mike ao trabalho é, mais do que um documentário, o registo de um acto criador. Biberstein, que vive em Portugal há 30 anos, é um pintor reconhecido mundialmente com obras em grandes museus, e é amigo de Lopes. E do desafio deste surgiu o filme que marca a criação de uma tela por parte do pintor meio suíço meio americano, radicado no Alentejo profundo. Na solidão do seu hangar, Mike atira-se à tela quase que em transe. A câmera é um espectador silencioso ao fundo da sala, e Biberstein um fantasma que deambula pela tela, ora a esfregar com tinta diluída o local onde nascerá uma mancha, ora sentado feito espectador de si mesmo, ora nos dois papéis simultaneamente, graças ao trabalho de manipulação de imagem de Lopes. Os 49 minutos que se vêem no ecrã da sala escura são assim a imagem de uma criação no seu estado quase religioso, onde as cores, imagens ou premonições se revelam como numa fotografia, à espreita de céu, alquimicamente. Fernando Lopes capta todo o transe que preside à tarefa da criação com uma candura e potenciação de significados fantásticos. E o demais é que o próprio Mike espreita, conta no fim, pela óculo da câmera para ver a criação com outros olhos. Filme sobre a pintura ou pintura sobre filme, o trabalho de Fernando Lopes é uma criação ao mesmo tempo simples e complexa sobre a verdadeira religião humana: a criação da arte.

ENTRADA LIVRE

SOBRE

O Cineclube do Porto, na sua origem intitulado de Clube Português de Cinematografia, é fundado por Hipólito Duarte no Liceu Alexandre Herculano no ano de 1945 tornando-se o primeiro Cineclube do país. Após a fundação pioneira o seu trajecto torna-se fulgurante com as suas sessões anti regime. Desde 2013 que mantém , em parceria com a DRCN, o projeto de “Cinema na Casa das Artes” com duas sessões semanais. Desde janeiro de 2023 regressa ao Batalha com as Matinés do Cineclube em sessões quinzenais aos domingos de manhã.

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